Vedação

Um bom armazenamento da bebida de Baco tem que passar pelo teste da vedação. Esse é um dos principais desafios da indústria vitivinícola desde que o Homem achou que o vinho ficaria melhor em garrafas de vidro que em ânforas.
Como o vinho é um "organismo vivo", o seu contato com o oxigênio o faz evoluir até a maturação, decadência e morte; por isso devemos controlar bem essa interação vinho-ar. Existem várias maneiras de se vedar uma garrafa de vinho. Seguem abaixo as principais:

ROLHAS DE CORTIÇA: Elas são elaboradas a partir da casca do sobreiro (Quercus súber) muito abundante principalmente na Região do Alentejo. Portugal produz hoje cerca de 51% das rolhas no mundo.
Por conta das 3 características principais de sua composição (elasticidade, compressibilidade e porosidade) ela é sem dúvida a melhor forma de vedação de uma garrafa do fermentado nobre, sem contar o charme e elegância do ritual da retirada de uma rolha, seja em um restaurante ou em casa. A porosidade mínima da rolha proporciona a evolução e maturidade naturais de um vinho, principalmente se ele for de guarda. Reparem que em toda garrafa, a cápsula de plástico ou metálica que envolve a rolha, tem dois furinhos, que proporcionam aquela "respirada mínima" necessária à bebida.
As cortiças podem ser maciças ou de aglomerados. Lógico que as maciças possuem melhor qualidade de vedação e "sobrevivem" por longos períodos quando bem armazenadas. Elas proporcionam longevidade aos vinhos de guarda que precisam evoluir. Também são bem mais caras, por isso, que só os vinhos de qualidade superior usam essas rolhas.
Já as feitas de aglomerado, são produzidas a partir de granulados de cortiça provenientes do subproduto resultante da produção da rolha maciça. Seu "tempo de vida", segundo os especialistas, é de no máximo 12 meses. Elas barateiam o preço final do vinho, mas só deve ser usada para produtos jovens com alta rotação/consumo. Desconfiem de vinhos de safras antigas com rolhas de aglomerado. Esses podem ser verdadeiras "bombas".
O maior problema da rolha de cortiça é o risco de contaminação pelo TCA (tricloroanilose), fungo que causa odor desagradável na bebida. Os franceses chamam essa contaminação de "bouchonné" (gosto de rolha). Últimas estatísticas revelam que até 6% das garrafas vedadas com rolhas de cortiça são afetadas pelo mundo.
Um outro problema é causado pelo armazenamento em condições desfavoráveis (posição,temperatura, umidade e luminosidade) que podem causar o ressecamento e o consequente esfarelamento da cortiça, estragando o vinho.

ROLHAS SINTÉTICAS: Desenvolvida pela empresa americana SupremeCorq em 1992, ela é fabricada a partir de polímeros e confere as mesmas características de elasticidade e compressibilidade das de cortiça, mas não é indicada para vinhos mais estruturados que precisam envelhecer. Elas são também mais baratas e ecologicamente corretas. Servem bem para vinhos jovens e de "batalha", tomados no dia a dia.
Muitos argentinos e chilenos que bebemos no Brasil vem com essa vedação.

TAMPAS DE ROSCA OU SCREW CAPS: Em crescente uso a cada ano, principalmente na Austrália e Nova Zelândia, essa forma de vedação provoca discussões acaloradas nos purista e conservadores por, segundo eles, "quebrar o clima" no rito de se abrir uma garrafa pelo modo tradicional. Elas são seguras, práticas e baratas; mas só são aplicadas nos vinhos "prontos para beber e de batalha". Nunca imaginem esse tipo de vedação em vinhos mais estruturados ou nos Grand Reserva.


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