O mercado dos importados em 2012

Na sua edição de agosto, a Revista Adega publicou resultados do 1º semestre da participação dos vinhos finos importados no mercado brasileiro (nessa análise não inclui os espumantes). A fonte foi: MDCI, BACEN e SRF.
Em valores (US$) o mercado como um todo cresce 14,9% no período e em volume 12,6%. Os países com maior crescimento foram: Espanha, Chile e Portugal. Na outra ponta, Itália foi o país que perdeu, tanto em valor como em volume (-11,4% e -15,0% respectivamente); já a Argentina perdeu em volume  (-5,2%) mas cresceu em valores (7,6%), mostrando que os hermanos estão priorizando os vinhos de maior qualidade e valor agregado.
Devemos também considerar a valorização do dólar frente ao real nesse período, que impactaram o crescimento do mercado em valores. Vejam o share abaixo por país:

PAIS TOTAL USD 2012 PART $ 2012 PART $ 2011
CHILE 40,072,695 36,6% 33,1%
ARGENTINA 22,961,058 21,0% 22,4%
PORTUGAL 15,408,681 14,1% 14,1%
ITÁLIA 11,676,062 10,6% 13,7%
FRANÇA 7,994,289 7,3% 7,5%
ESPANHA 5,154,297 4,8% 4,5%
OUTROS 6,125,205 5,6% 4,7%
TOTAL BR 109,392,287
*VOLUME 2012 PART VOL 2012 PART VOL 2011
CHILE 1.380 MIL 41,4% 37,9%
ARGENTINA 646 MIL 19,4% 23,0%
PORTUGAL 453 MIL 13,6% 11,3%
ITÁLIA 448 MIL 13,5% 17,5%
FRANÇA 117 MIL 3,5% 3,4%
ESPANHA 118 MIL 3,6% 2,7%
OUTROS 164 MIL 4,9% 4,1%
TOTAL BR 3.329 MIL

*garrafas











Vitinicultura na África do Sul

Nesse país localizado na ponta sul do continente africano, as primeiras mudas de parreiras chegaram pelas mãos dos holandeses no século XVII, sendo plantadas no entorno da Cidade do Cabo. A produção de vinho incrementou mais com a chegada dos primeiros imigrantes franceses (protestantes oriundos da Região de Bordeaux), que trouxerem sua experiência na vitivinicultura.
Durante o período nefasto do apartheid, a África do Sul sofreu forte boicote aos seus principais produtos, entre eles o vinho, tornando-se um produto de consumo interno e com uma qualidade sofrível. Após a queda do regime segregacionista, o país se adaptou às novas exigências do mercado mundial, conseguindo um salto de qualidade na produção do fermentado de Baco (uvas de melhor qualidade, rendimento mais baixo por hectare, melhor técnica de armazenamento, etc). Hoje a África do Sul é um doas mais importantes produtores do Novo Mundo, com exportações crescentes e boa penetração no mercado americano e europeu.
As principais regiões produtoras ficam em um raio de 100 km da bela Cidade do Cabo, são elas: Stellenbosch, Paarl, Franschhoek e Contantia.
A uva símbolo é a pinotage, que surgiu em 1925 do cruzamento da pinot noir e da cinsault (lá a cinsault é conhecida pelo nome de hermitage, daí o nome pinotage). Os varietais produzidos com essa cepa são bem interessantes e saborosos. Vale a pena experimentar, pois há uma grande disponibilidade no Brasil com preços bem acessíveis. Também se produz ótimos cabernet sauvignon, merlot e syrah; verietais e em cortes.
Quando se fala em brancos, a sauvignon blanc é mais importante e com maior produção. Há também bons brancos com a chenin blanc.
Algumas dicas de marcas abaixo, encontradas no mercado brasileiro:
Obikwa, Twenty 10, Steenbergh, Fleur du Cap, Namaqua, Nederburg, Simonsig e Plaisir de Merle 

ÁFRICA DO SUL EM NÚMEROS:
Produção: 9.783.000 hl
Consumo no país: 3.557.000 hl (per capita de 7,2 litros/ano)
Superfície dos vinhedos: 133 mil hectares
Importação: 141.000 hl
Exportação: 3.126.000 hl

Garrafas

Não resta dúvida para ninguém (acho que pelo menos para a maioria) que a melhor forma de armazenar qualquer bebida é a garrafa de vidro (falarei das embalagens bag-in-box em outra oportunidade). Uma rápida pesquisa informal entre os diferentes bebedores de cerveja, cachaça, uísque, vodka, refrigerante, água, etc; chegaremos a conclusão que o recipiente feito a partir de dióxido de silício, carbonato de sódio e carbonato de cálcio (a composição básica do vidro) é a melhor forma de guardar qualquer líquido, principalmente para consumo.
Alguns historiadores afirmam que os fenícios teriam descoberto o vidro em 3.000 AC. Também há relatos ou evidências do seu uso por volta de 1.500 AC pelos egípcios. Foram os romanos que incrementaram a sua produção e uso, mas inexplicavelmente, ela desapareceu com a queda do seu Império. O Império bizantino foi o responsável pela reintrodução da garrafa de vidro na Europa; mas foi somente no século 16 em Veneza, que essa indústria começou a se sedimentar.
Até a Itália começar a armazenar vinho em garrafas no século 17, esse fermentado era colocado nos mais diferentes recipientes existentes na época (pipas de barro, cabaças, ânforas e por aí vai...), proporcionando um sabor bem diferente do atual, para não dizer intragável (eu acho...).
O grande impulso na produção industrial de garrafas de vinho se deu no inicio do século 20, surgindo a partir daí, diferentes formas e tamanhos na Europa, espalhando-se assim pelo mundo afora.
Seguem abaixo os formatos e tamanhos mais usados no Mundo. As “Clássicas”:

BORDALESA
Originária da Região de Bordeaux, ela é a mais usada no Mundo e praticamente presente em todas as residências, supermercados e restaurantes. As exceções são os vinhos feitos a partir das castas: Pinot noir, chardonnay e syrah (de alguns países); dos espumantes, os doces, os fortificados e de determinadas regiões (Alsácia, Borgonha e Rhône). Ela tem “pescoço longo e ombro abrupto”, com a cor mais para o escuro, obviamente para proteger o vinho da luminosidade.

BORGONHESA
Como o nome sugere, ela é oriunda da Borgonha e usada para todos os vinhos dessa Região e muitos do Vale do Loire e Rhône, assim como para os vinhos feitos das castas pinot noir e chardonnay. Ela tem formato um pouco mais largo na base e bojo, quando comparada à bordalesa, sem “ombro” e com afinamento gradual até o gargalo.

RENANA E ALSACIANA
Mais alta e delgada que a borgonhesa, ela é usada na Alsácia (França) e na Região do Reno (Alemanha). São apresentadas nas cores: Verde, preto, caramelo e azul.


CHAMPAGNE
Usada para todos os espumantes de todas as regiões ao redor do planeta, essa formato clássico criado na Região de Champagne é inconfundível até para um ET. Ela é mais alta que as demais, com uma espessura de casco mais grossa para suportar a pressão do gás carbônico presente nesse vinho.

OUTRAS FORMAS
Do Chianti
Italiana, da região da Toscana, é denominada fiasco, bojuda na base e revestida de palha externamente, tradição antiga para reforçar as garrafas contra quebra.
Do Porto
Portuguesa, semelhante à bordalesa, porém geralmente mais baixa e de linhas mais retas e com vidro mais escuro.
Do Jerez
Espanhola, semelhante à do Porto, porém geralmente mais alta.
Franconia
Alemã, da região de Franken, é denominada bocksbeutel, possui corpo achatado no eixo antero-posterior e bojudo na base.
Do Verdicchio
Italiana, da região de Marches, possui forma semelhante a um violão ou um peixe.

DIFERENTES TAMANHOS
A maioria das garrafas vendidas no mercado mundial, tem capacidade de 750 ml, que poderíamos chamá-la de tradicional; mas existem outras disponíveis, como por exemplo: A meia-garrafa de 375 ml, a miniatura de 187,5 ml (existem também de 175 e 160 ml) e a magnum de 1,5 litro.
Para as champanhes, temos as seguintes garrafas:
Jéroboam
3 litros
Rehoboam
4,5 litros.
Matuzalém ou Imperial
6 litros
Salmanazar
9 litros
Baltazar
12 litros
Nebucodonozor
15 litros

Vinhoterapia

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Feliz dia dos Pais !

Vedação

Um bom armazenamento da bebida de Baco tem que passar pelo teste da vedação. Esse é um dos principais desafios da indústria vitivinícola desde que o Homem achou que o vinho ficaria melhor em garrafas de vidro que em ânforas.
Como o vinho é um "organismo vivo", o seu contato com o oxigênio o faz evoluir até a maturação, decadência e morte; por isso devemos controlar bem essa interação vinho-ar. Existem várias maneiras de se vedar uma garrafa de vinho. Seguem abaixo as principais:

ROLHAS DE CORTIÇA: Elas são elaboradas a partir da casca do sobreiro (Quercus súber) muito abundante principalmente na Região do Alentejo. Portugal produz hoje cerca de 51% das rolhas no mundo.
Por conta das 3 características principais de sua composição (elasticidade, compressibilidade e porosidade) ela é sem dúvida a melhor forma de vedação de uma garrafa do fermentado nobre, sem contar o charme e elegância do ritual da retirada de uma rolha, seja em um restaurante ou em casa. A porosidade mínima da rolha proporciona a evolução e maturidade naturais de um vinho, principalmente se ele for de guarda. Reparem que em toda garrafa, a cápsula de plástico ou metálica que envolve a rolha, tem dois furinhos, que proporcionam aquela "respirada mínima" necessária à bebida.
As cortiças podem ser maciças ou de aglomerados. Lógico que as maciças possuem melhor qualidade de vedação e "sobrevivem" por longos períodos quando bem armazenadas. Elas proporcionam longevidade aos vinhos de guarda que precisam evoluir. Também são bem mais caras, por isso, que só os vinhos de qualidade superior usam essas rolhas.
Já as feitas de aglomerado, são produzidas a partir de granulados de cortiça provenientes do subproduto resultante da produção da rolha maciça. Seu "tempo de vida", segundo os especialistas, é de no máximo 12 meses. Elas barateiam o preço final do vinho, mas só deve ser usada para produtos jovens com alta rotação/consumo. Desconfiem de vinhos de safras antigas com rolhas de aglomerado. Esses podem ser verdadeiras "bombas".
O maior problema da rolha de cortiça é o risco de contaminação pelo TCA (tricloroanilose), fungo que causa odor desagradável na bebida. Os franceses chamam essa contaminação de "bouchonné" (gosto de rolha). Últimas estatísticas revelam que até 6% das garrafas vedadas com rolhas de cortiça são afetadas pelo mundo.
Um outro problema é causado pelo armazenamento em condições desfavoráveis (posição,temperatura, umidade e luminosidade) que podem causar o ressecamento e o consequente esfarelamento da cortiça, estragando o vinho.

ROLHAS SINTÉTICAS: Desenvolvida pela empresa americana SupremeCorq em 1992, ela é fabricada a partir de polímeros e confere as mesmas características de elasticidade e compressibilidade das de cortiça, mas não é indicada para vinhos mais estruturados que precisam envelhecer. Elas são também mais baratas e ecologicamente corretas. Servem bem para vinhos jovens e de "batalha", tomados no dia a dia.
Muitos argentinos e chilenos que bebemos no Brasil vem com essa vedação.

TAMPAS DE ROSCA OU SCREW CAPS: Em crescente uso a cada ano, principalmente na Austrália e Nova Zelândia, essa forma de vedação provoca discussões acaloradas nos purista e conservadores por, segundo eles, "quebrar o clima" no rito de se abrir uma garrafa pelo modo tradicional. Elas são seguras, práticas e baratas; mas só são aplicadas nos vinhos "prontos para beber e de batalha". Nunca imaginem esse tipo de vedação em vinhos mais estruturados ou nos Grand Reserva.